Com a proximidade da obrigatoriedade da Declaração Única de Importação (DUIMP), as empresas importadoras enfrentam o desafio de se adaptarem ao novo modelo do Novo Processo de Importação (NPI). Um dos pilares centrais dessa transformação é o Catálogo de Produtos, um componente obrigatório e estratégico para viabilizar as operações de importação no Brasil. Neste cenário, o planejamento antecipado surge como a chave para uma implementação bem-sucedida, reduzindo riscos e garantindo a conformidade com as novas exigências regulatórias.

O Catálogo de Produtos não é apenas uma exigência burocrática; ele representa um avanço tecnológico e operacional para centralizar as informações dos produtos importados. Este artigo detalha como as empresas podem realizar um planejamento eficaz, abordando as principais etapas, desafios e benefícios dessa iniciativa.
O que é o Catálogo de Produtos e sua Relevância no NPI?
O Catálogo de Produtos é uma base centralizada que contém todas as informações necessárias sobre os produtos importados, incluindo dados aduaneiros, tributários e logísticos. Ele elimina a necessidade de repetir informações em cada operação, reduzindo a burocracia e otimizando processos.
Para se ter uma ideia da sua importância, o catálogo é indispensável para a emissão da DUIMP. Isso significa que, sem um cadastro completo e correto, a empresa não conseguirá realizar suas operações de importação.
O planejamento antecipado permite que as empresas enfrentem os desafios dessa transição de forma estruturada, evitando impactos negativos como atrasos na cadeia de suprimentos, multas por inconsistências fiscais ou até mesmo a paralisação de operações devido à falta de conformidade.
Passo 1: Coleta e Organização de Dados
O primeiro passo para implementar o Catálogo de Produtos é reunir e organizar as informações detalhadas sobre os produtos importados e seus fornecedores. Entre os dados mais importantes estão:
- Descrição completa dos produtos: Incluindo especificações técnicas, características físicas e uso pretendido.
- Classificação fiscal (NCM): Garantindo que esteja de acordo com as normas vigentes.
- Origem dos produtos: Identificação clara do país de fabricação e do operador estrangeiro envolvido.
- Dados tributários: Informações sobre alíquotas, impostos aplicáveis e regimes especiais de tributação.
A falta de informações detalhadas pode levar a erros no momento do cadastro, gerando penalidades financeiras e atrasos nas operações. Por isso, é crucial envolver diferentes áreas da empresa, como logística, fiscal e comercial, para garantir que todos os dados estejam disponíveis e corretos.
Além disso, com a digitalização e a integração de sistemas, órgãos reguladores, como a Receita Federal, terão acesso a recursos mais avançados, tornando a fiscalização mais rigorosa, o que aumenta a necessidade de um levantamento completo e planejado.
Portanto, é essencial considerar o volume de itens a serem cadastrados garantindo que as informações sejam confiáveis e que a empresa esteja preparada para atender às exigências legais e operacionais.
Passo 2: Formação de uma Equipe Dedicada
O sucesso do Catálogo de Produtos depende diretamente das pessoas responsáveis por sua criação e manutenção.
É recomendável nomear um gestor específico para o catálogo, que será o ponto focal para todas as atividades relacionadas.
Esse profissional deve possuir conhecimentos em comércio exterior, tributação e sistemas tecnológicos, além de habilidades organizacionais e de liderança.
Além disso, é fundamental investir na capacitação da equipe. As regras e requisitos da DUIMP são complexos e exigem entendimento técnico e prático. Workshops, treinamentos e consultorias especializadas podem ajudar a garantir que a equipe esteja preparada para lidar com o novo processo.
Passo 3: Uso de Ferramentas Tecnológicas
O planejamento antecipado também envolve a escolha de ferramentas tecnológicas adequadas. Softwares especializados em comércio exterior, como o Conexos Cloud, podem automatizar a coleta e o cadastro de informações, reduzindo erros e aumentando a eficiência.
Essas soluções permitem:
- Cadastro em massa de produtos: Facilitando o upload de grandes volumes de dados.
- Validação automática de informações: Verificando inconsistências antes do envio ao Portal Único Siscomex.
- Integração com sistemas ERP: Sincronizando informações entre diferentes plataformas da empresa.
Com a tecnologia adequada, as empresas podem economizar tempo e minimizar os riscos de falhas humanas no processo.
Passo 4: Definição de Prioridades
Empresas que trabalham com um portfólio amplo de produtos devem priorizar os itens mais relevantes no momento do cadastro. Uma análise detalhada da base histórica de importações é essencial para identificar:
- Produtos mais importados nos últimos 6 a 12 meses.
- Itens com maior impacto estratégico ou financeiro para o negócio.
- Produtos sujeitos a licenças ou regimes especiais.
Essa priorização permite que a empresa inicie suas operações sob o novo modelo sem atrasos, enquanto trabalha gradualmente no cadastro dos demais itens.
Passo 5: Auditoria e Manutenção Contínua
Mesmo após a implementação inicial, o Catálogo de Produtos exige uma gestão contínua. Auditorias regulares devem ser realizadas para garantir que os dados estejam sempre atualizados e em conformidade com as regras vigentes. Isso inclui:
- Revisão periódica das classificações fiscais.
- Atualização de informações de fornecedores ou operadores estrangeiros.
- Inclusão de novos produtos e exclusão de itens descontinuados.
A manutenção adequada não apenas evita penalidades, mas também mantém a eficiência e a confiabilidade das operações de importação.
Benefícios do Planejamento Antecipado
As empresas que adotam uma abordagem estruturada para implementar o Catálogo de Produtos colhem uma série de benefícios, como:
- Conformidade Reguladora: Redução de riscos de multas e sanções devido a inconsistências ou erros no cadastro.
- Eficiência Operacional: Diminuição do tempo gasto com retrabalho e burocracia.
- Visibilidade e Controle: Melhoria na gestão de informações e no acompanhamento das operações de importação.
- Redução de Custos: Eliminação de despesas adicionais relacionadas a atrasos ou erros no processo.
- Agilidade nas Operações: Facilitação no desembaraço aduaneiro, reduzindo o tempo de liberação das cargas.
Conclusão
O planejamento antecipado para a implementação do Catálogo de Produtos é um passo indispensável para as empresas que desejam se adaptar ao Novo Processo de Importação e estar preparadas para a obrigatoriedade da DUIMP. Com uma abordagem estruturada, o uso de ferramentas tecnológicas e a definição clara de responsabilidades, é possível transformar essa exigência em uma oportunidade para otimizar processos e obter vantagens competitivas no mercado.
As empresas que não se anteciparem correm o risco de enfrentar atrasos, penalidades e custos adicionais. Por outro lado, aquelas que investirem no planejamento e na execução cuidadosa estarão melhor posicionadas para navegar pelas mudanças regulatórias e se beneficiar das inovações trazidas pelo NPI.
A mensagem é clara: o sucesso na era da DUIMP começa com um planejamento bem-feito.